domingo, 7 de novembro de 2010
Conto de fadas rotineiro
Após uma péssima noite de sono, ela acorda desejando a sua cama. Fica por mais trinta minutos deitada, típico fenômeno que a física justifica: a inércia. Ao se levantar, olha pela janela e vê um belo dia de primavera, com a mata a sua frente, o céu azul pintado com poucas nuvens brancas e um sol ardente, que parece não ter limites para irradiar. Agradece a Deus por estar viva, porém seu instinto egoísta aflora e pede ao mesmo que este seja "o" dia de sua vida. Em vão, escolhe a roupa mais colorida do guarda-roupa, pois acredita que as cores berrantes e impróprias conseguirão despertar não só em si, como naqueles que vagam pelas ruas, um sentimento de conto de fadas. Talvez amor, talvez aventura, talvez amizade. Enfim, sai de casa trajando esperança e ansiedade. Contudo, seus olhos cegaram; acostumaram-se a uma única cena. Por mais cor que invista, o mundo teima em girar em um único sentido. Sua alma grita um "caralho" que a sufoca por dentro, quebrando artérias e órgãos. Porém, a estrutura é forte, infelizmente, e a mantém erguida para pegar o mesmo ônibus de sempre. Já sentada no lado da janela, olha a paisagem em busca de detalhes que poderiam passar despercebidos. Não enxerga nada, além de um vento forte que resseca os seus olhos. Sem nada para fazer, fecha os olhos para ver a vida passar em uma lenta e preguiçosa necessidade de sonhar. Espera acordar e, enfim, ter o seu conto de fadas no próximo ponto aguardando-a.
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Sou Rita. Rita Lee
"Um belo dia resolvi mudar e fazer tudo que eu queria fazer".
Rita sempre foi uma inspiração para as minhas transformações. Cito-a com intimidade porque já me acostumei a tê-la sempre em minhas idéias e ouvidos. Sempre que desejo sair das corriqueiras lamentações ela me aparece na rádio, com as suas belas músicas, tornando-se uma luz no fim do túnel. Porém, por que Rita? Por que não Nanna Caymmi ou Maysa? Creio estar cansada de tantas "batidas na porta da frente é o tempo", afinal os anos se passam, a idade chega, a bunda cai e ninguém de diferente na porta. Lembro-me de pedir desde pequena, coisa de a partir dos 11 anos, um garoto que gostasse de mim. Não precisava ser lindo, forte ou popular na escola; não queria abusar da boa vontade de Deus, mas somente alguém que demonstrasse alguma paixão ou mera cartinha de amor. Com certeza, atirei pedra na cruz, pois até hoje as minhas preces não foram atendidas.
E Maysa? Essa merece respeito. Há muito idealizei por ser igual a ela. Não é qualquer mulher que consegue expor seus sentimentos como se fossem a coisa mais natural. A coragem de dizer que sofre de amor é impressionante. Tal devoção se demonstra no tom melódico de suas músicas. Penso que ela foi a responsável pela trilha sonora de metade da minha vida e pelas tantas lágrimas derramadas no travesseiro. Contudo, a alma se cansa de tanta dor (Como arroz e feijão, que são comidas maravilhosas, mas se tornam enjoativas se consumidas diariamente). Logo, o meu fígado e a minha razão imploraram por menos "demais", já que eram "demais" amores, "demais" brigas, "demais" bebidas, "demais" vômitos, "demais" especulações, "demais" fofocas... Enfim, exagero de "todos acham que eu falo demais e que ando bebendo demais e que essa vida agitada não leva a nada. Andar por ai... bar em bar, bar em bar."
Sendo assim, Rita Lee. Inusitada, louca, extravagante, linda, poética e sincera. Tudo de que eu gosto em uma só fôrma. Porque eu vivo e penso em sexo antes para depois amor. Porque eu sou a ovelha negra da família, para a desgraça dos meus pais e felicidade dos psiquiatras. Porque, assim como ela, de longe eu pareço formosa, mas de perto... xiiii! Meu Deus do céu, como sou venenosa. Porque vivo a lançar o meu doce perfume, implorando para que me deixem de quatro no ato. Porque eu sou mais macho que muito homem. E, acima de tudo, uma mutante: morro de amores a cada semana.
Então, finalizo com a irreverência dessa magnífica cantora: àqueles que não concordam, por favor, não provoquem, pois é cor de rosa choque. Já os que gostaram... "baila comigo lá no meu esconderijo".
Rita sempre foi uma inspiração para as minhas transformações. Cito-a com intimidade porque já me acostumei a tê-la sempre em minhas idéias e ouvidos. Sempre que desejo sair das corriqueiras lamentações ela me aparece na rádio, com as suas belas músicas, tornando-se uma luz no fim do túnel. Porém, por que Rita? Por que não Nanna Caymmi ou Maysa? Creio estar cansada de tantas "batidas na porta da frente é o tempo", afinal os anos se passam, a idade chega, a bunda cai e ninguém de diferente na porta. Lembro-me de pedir desde pequena, coisa de a partir dos 11 anos, um garoto que gostasse de mim. Não precisava ser lindo, forte ou popular na escola; não queria abusar da boa vontade de Deus, mas somente alguém que demonstrasse alguma paixão ou mera cartinha de amor. Com certeza, atirei pedra na cruz, pois até hoje as minhas preces não foram atendidas.
E Maysa? Essa merece respeito. Há muito idealizei por ser igual a ela. Não é qualquer mulher que consegue expor seus sentimentos como se fossem a coisa mais natural. A coragem de dizer que sofre de amor é impressionante. Tal devoção se demonstra no tom melódico de suas músicas. Penso que ela foi a responsável pela trilha sonora de metade da minha vida e pelas tantas lágrimas derramadas no travesseiro. Contudo, a alma se cansa de tanta dor (Como arroz e feijão, que são comidas maravilhosas, mas se tornam enjoativas se consumidas diariamente). Logo, o meu fígado e a minha razão imploraram por menos "demais", já que eram "demais" amores, "demais" brigas, "demais" bebidas, "demais" vômitos, "demais" especulações, "demais" fofocas... Enfim, exagero de "todos acham que eu falo demais e que ando bebendo demais e que essa vida agitada não leva a nada. Andar por ai... bar em bar, bar em bar."
Sendo assim, Rita Lee. Inusitada, louca, extravagante, linda, poética e sincera. Tudo de que eu gosto em uma só fôrma. Porque eu vivo e penso em sexo antes para depois amor. Porque eu sou a ovelha negra da família, para a desgraça dos meus pais e felicidade dos psiquiatras. Porque, assim como ela, de longe eu pareço formosa, mas de perto... xiiii! Meu Deus do céu, como sou venenosa. Porque vivo a lançar o meu doce perfume, implorando para que me deixem de quatro no ato. Porque eu sou mais macho que muito homem. E, acima de tudo, uma mutante: morro de amores a cada semana.
Então, finalizo com a irreverência dessa magnífica cantora: àqueles que não concordam, por favor, não provoquem, pois é cor de rosa choque. Já os que gostaram... "baila comigo lá no meu esconderijo".
sábado, 2 de outubro de 2010
Lanterna dos afogados
Delicadamente, ela entra pela janela e se deita em minha cama. Como de costume, olho para o relógio e confirmo a pontualidade de minha ilustre visita. Ela nunca se atrasa e raramente esquece de trazer consigo os seus meros presentes.Em retribuição a sua generosidade, escrevo pequenos textos. A liberdade de escrever nunca me foi retirada, mas a inspiração brota apenas quando estou unida a ela. Ah, querida e fiel amiga que nunca me abandonou, inclusive neste momento, dedico essa prosa à responsável pelo meu desabrochar de pensamentos: à noite.
Minha ansiedade não a engana, infelizmente, pois por mais que eu deseje apenas abraçá-la em meu travesseiro e pedir bons sonhos, ela insiste em trazer à memória os fantasmas que me atormentam. Tenho consciência de que não sou a única com insônia no mundo, contudo contornei a sua magia e transformei-a a meu favor. Posso não entreter a quem se dispõem a ler. Posso não agradar a todos. Porém, esvazio um pouco do que me afoga.
Depois do crepúsculo, sinto um tanque se encher dentro de mim. O alarme foi acionado. Sem hesitar, a lua banha a cama e traz consigo a necessidade de chorar. Penso que a cada lágrima derramada é menos uma recordação a me sufocar. Contudo, nada escorre de minha alma. Ora, será que sequei? E o coração, sobrecarregado de tanto bater por quem almeja apenas dormir, extravasa. Transbordei-me inversamente.
A fim de saciar a necessidade de lacrimejar, exploro as oportunidades que a mesma me oferece. Sim, ela não proporciona somente horrores. Bifurcada, suas alternativas são como as raízes de uma árvore, que atingem comoventes dimensões. Porém, como filhos de Deus e agraciados pelo livre arbítrio, a tendência do homem é a escolha pelo caminho errado. Para mim, o certo ou o incorreto não existem. Existe o prazer. Sou movida por tudo que me faz bem, mesmo que momentaneamente, pois não se deve desprezar nenhum tipo de amor e muito menos de gozo.Enfim, jogo-me no que a noite tem a me dar. Esses são os melhores fins de dia, já que a mente é iludida pelas luzes, drinks e amores. Assim, não há depressão que se rende!
Logo, quando não há escolha, a noite me possui. Como hoje, sem alternativas para brincar de mágica, o limite do desespero se parece como uma cidade já visitada. O bolo de angústias persiste em não ser expelido. Na tentativa de gritar, abro a boca, mas nada dela sai. A cada piscar de olhos eu rezo ao tempo. Peço que o tormento logo acabe e que o sol invada o cômodo. Cansei de brincar de "Bridget Jones". Quero chorar!
Busco o motivo pelo qual não consigo realizar tal ação. Relembro as noites (insistente essa minha companhia...) que me entreguei por inteira. As memórias não são boas, porque comecei e nunca mais parei de lamentar. Creio estar em inércia. Tal qual busco a solução à frieza, determino o estado de ignorância ao meu ser. Afinal, não só a noite me acompanha, como também o medo. Medo de fofocar o que, aparentemente, se encontra adormecido.
Sendo assim, o que me resta? Sinceramente, a miopia não permite desvendar longínquas terras. Pobre de lágrimas e de espírito, contento-me com o caminho errado, o cigarro, a cerveja, as orações e o pôster de meu amado selado a cada choro não derramado, sufocando-me.
Minha ansiedade não a engana, infelizmente, pois por mais que eu deseje apenas abraçá-la em meu travesseiro e pedir bons sonhos, ela insiste em trazer à memória os fantasmas que me atormentam. Tenho consciência de que não sou a única com insônia no mundo, contudo contornei a sua magia e transformei-a a meu favor. Posso não entreter a quem se dispõem a ler. Posso não agradar a todos. Porém, esvazio um pouco do que me afoga.
Depois do crepúsculo, sinto um tanque se encher dentro de mim. O alarme foi acionado. Sem hesitar, a lua banha a cama e traz consigo a necessidade de chorar. Penso que a cada lágrima derramada é menos uma recordação a me sufocar. Contudo, nada escorre de minha alma. Ora, será que sequei? E o coração, sobrecarregado de tanto bater por quem almeja apenas dormir, extravasa. Transbordei-me inversamente.
A fim de saciar a necessidade de lacrimejar, exploro as oportunidades que a mesma me oferece. Sim, ela não proporciona somente horrores. Bifurcada, suas alternativas são como as raízes de uma árvore, que atingem comoventes dimensões. Porém, como filhos de Deus e agraciados pelo livre arbítrio, a tendência do homem é a escolha pelo caminho errado. Para mim, o certo ou o incorreto não existem. Existe o prazer. Sou movida por tudo que me faz bem, mesmo que momentaneamente, pois não se deve desprezar nenhum tipo de amor e muito menos de gozo.Enfim, jogo-me no que a noite tem a me dar. Esses são os melhores fins de dia, já que a mente é iludida pelas luzes, drinks e amores. Assim, não há depressão que se rende!
Logo, quando não há escolha, a noite me possui. Como hoje, sem alternativas para brincar de mágica, o limite do desespero se parece como uma cidade já visitada. O bolo de angústias persiste em não ser expelido. Na tentativa de gritar, abro a boca, mas nada dela sai. A cada piscar de olhos eu rezo ao tempo. Peço que o tormento logo acabe e que o sol invada o cômodo. Cansei de brincar de "Bridget Jones". Quero chorar!
Busco o motivo pelo qual não consigo realizar tal ação. Relembro as noites (insistente essa minha companhia...) que me entreguei por inteira. As memórias não são boas, porque comecei e nunca mais parei de lamentar. Creio estar em inércia. Tal qual busco a solução à frieza, determino o estado de ignorância ao meu ser. Afinal, não só a noite me acompanha, como também o medo. Medo de fofocar o que, aparentemente, se encontra adormecido.
Sendo assim, o que me resta? Sinceramente, a miopia não permite desvendar longínquas terras. Pobre de lágrimas e de espírito, contento-me com o caminho errado, o cigarro, a cerveja, as orações e o pôster de meu amado selado a cada choro não derramado, sufocando-me.
sábado, 11 de setembro de 2010
Eu quero é viver em paz, por favor me beija a boca!
Pergunto-me quando cansarei dessas noites imemoráveis.
Pergunto-me quando cansarei desses copos descartáveis vazios em minhas mãos.
Pergunto-me quando cansarei desses beijos jogados ao vento e esquecidos no minuto seguinte.
Pergunto-me quando cansarei desses telefones conquistados que nunca os usarei.
Pergunto-me quando cansarei dessa veemente vida que tanto me faz feliz.
Pergunto-me quando cansarei dessa dor de cabeça do dia seguinte.
E no fim, pergunto-me se vale apena viver cada noite sem fronteiras entre o certo e o errado.
A resposta não tarda em chegar. Ela vem como um furacão derrubando todos os pilares que me foram impostos.
Sim, me jogarei na madrugada até que o meu corpo não consiga mais.
Enquanto houver alegria, disposição e cerveja eu farei de mim um joguete da magia que a noite emana.
Pergunto-me quando cansarei desses copos descartáveis vazios em minhas mãos.
Pergunto-me quando cansarei desses beijos jogados ao vento e esquecidos no minuto seguinte.
Pergunto-me quando cansarei desses telefones conquistados que nunca os usarei.
Pergunto-me quando cansarei dessa veemente vida que tanto me faz feliz.
Pergunto-me quando cansarei dessa dor de cabeça do dia seguinte.
E no fim, pergunto-me se vale apena viver cada noite sem fronteiras entre o certo e o errado.
A resposta não tarda em chegar. Ela vem como um furacão derrubando todos os pilares que me foram impostos.
Sim, me jogarei na madrugada até que o meu corpo não consiga mais.
Enquanto houver alegria, disposição e cerveja eu farei de mim um joguete da magia que a noite emana.
quinta-feira, 9 de setembro de 2010
Luto
Queridos seguidores,
Uma estrela no céu se apagou. O mundo perdeu uma ilustre pessoa, a qual eu sentia um imenso carinho e respeito. Muito antes de ser um mero professor, ele representava uma alma livre e intensa em suas paixões. Penso que a sua real função não era nos ensinar apenas a literatura de Shakespeare ou, até mesmo, as consequências da semana de 22 para o Modernismo, mas a descoberta da faculdade da imaginação que todo homem tem, intensionada à humanidade como algo benéfico a existência do ser no planeta terra.
Afinal, suas aulas transcendiam a normalidade, pois qualquer um que espiasse pela fresta da janela sentiria a atmosfera carregada de alegria, curiosidade, expectativas, paixão e suspense. Elementos esses presentes em um grande espetáculo de teatro, em que propositalmente eramos inseridos para sermos os atores e o nosso professor o grande diretor.
Sim, hoje percebo a finalidade de todas as peças solicitadas. Assimilo o ponto central desse diferencial, que tanto sinto falta nas atuais classes. Latuf abriu as portas que nos prendiam, possibilitando a todos a quebra de barreiras dos paradigmas. A arte está presente em todas as nossas ações, porque somos seres dotados de inteligência e capazes de criar e recriar momentos e coisas. Tudo é novo. Tudo é mágico. Tudo é digno de ser contemplado e aplaudido.
Carissímo Mestre, tenho certeza que o lugar onde o senhor se encontra é muito mais bonito e apropriado à sua alma. A vida não poderia abarcar toda a sua magnitude e carinho, seria muito pouco tempo. Em contato com o eterno, estarás livre para contagiar o infinito com palavras, canções e sorrisos. Deus o receberá de braços abertos. Cabe a nós, que ficamos por aqui, proclamar a existência de uma pessoa tão valiosa, em meio há tantas que não merecem ser recordadas.
Vá com Deus, pois aqui o Senhor estará sempre em nossas memórias como um profundo amante do show da vida.
Uma estrela no céu se apagou. O mundo perdeu uma ilustre pessoa, a qual eu sentia um imenso carinho e respeito. Muito antes de ser um mero professor, ele representava uma alma livre e intensa em suas paixões. Penso que a sua real função não era nos ensinar apenas a literatura de Shakespeare ou, até mesmo, as consequências da semana de 22 para o Modernismo, mas a descoberta da faculdade da imaginação que todo homem tem, intensionada à humanidade como algo benéfico a existência do ser no planeta terra.
Afinal, suas aulas transcendiam a normalidade, pois qualquer um que espiasse pela fresta da janela sentiria a atmosfera carregada de alegria, curiosidade, expectativas, paixão e suspense. Elementos esses presentes em um grande espetáculo de teatro, em que propositalmente eramos inseridos para sermos os atores e o nosso professor o grande diretor.
Sim, hoje percebo a finalidade de todas as peças solicitadas. Assimilo o ponto central desse diferencial, que tanto sinto falta nas atuais classes. Latuf abriu as portas que nos prendiam, possibilitando a todos a quebra de barreiras dos paradigmas. A arte está presente em todas as nossas ações, porque somos seres dotados de inteligência e capazes de criar e recriar momentos e coisas. Tudo é novo. Tudo é mágico. Tudo é digno de ser contemplado e aplaudido.
Carissímo Mestre, tenho certeza que o lugar onde o senhor se encontra é muito mais bonito e apropriado à sua alma. A vida não poderia abarcar toda a sua magnitude e carinho, seria muito pouco tempo. Em contato com o eterno, estarás livre para contagiar o infinito com palavras, canções e sorrisos. Deus o receberá de braços abertos. Cabe a nós, que ficamos por aqui, proclamar a existência de uma pessoa tão valiosa, em meio há tantas que não merecem ser recordadas.
Vá com Deus, pois aqui o Senhor estará sempre em nossas memórias como um profundo amante do show da vida.
quarta-feira, 18 de agosto de 2010
E tudo se deu em razão de um toque
A principio ele não me transmitia nenhum valor. Puxei uma conversa para simplesmente não ficar sozinha em meio a uma multidão de desconhecidos transtornados. Como sempre, não inseri muita fé em um futuro, e acredito que nem hoje, depois de tê-lo conhecido melhor, esse sentimento de esperança tenha mudado. Porém, como uma brisa em um dia de calor estonteante de verão, meu corpo sentiu uma onda de vibrações que, até então, nunca haviam atingido o seu auge.
Certa vez, enquanto assistia a um filme, do qual o nome eu não me lembro, dizia-se que a gente reconhece o parceiro ideal com o encaixar das mãos. Para mim, essa teoria nunca deu certo. O meu termômetro é acionado com um simples toque. Sempre foi assim. E o toque dele não se iguala a qualquer outro. Posso tentar descrevê-lo para se obter uma efêmera idéia de sua beleza: ao realizar uma viagem, em que o destino está muito além do nosso alcance e o que se vê é apenas paisagens bucólicas e inéditas aos olhos, geralmente ansiamos em colocar alguma parte do nosso corpo para fora da janela, como os braços ou o rosto. A comunicação entre esses dois corpos é extremamente agradável, sendo avassalador, pelo fato da velocidade do transporte gerar um vento feroz em contato com a pele, ao mesmo que tentador, pois a alma pede para ser levada pelo ar e se fundir ao ambiente.
Enfim, apaixonei-me e, rapidamente, entrei em êxtase com as suas mãos. Queria essa sensação naquele momento. Dizem que eu me precipitei. Ah, quem nunca foi tomada pela ansiedade diante de tanto prazer ao seu alcance? Fui e não me arrependo do que fiz. O grande problema é que eu me viciei nele. Desejo por recordar esse momento só mais uma vez, tendo a consciência de que essa será a última para assim guardá-la e aproveitá-la ao máximo. Contudo, querer não é poder e o que eu quero está muito longe de ser alcançado.
Logo, na vã tentativa de esquecê-lo, entrei em processo de reabilitação e me exilei de qualquer pensamento que me fizesse recordá-lo. Até que um dia, em um piscar de olhos rotineiros, eu enxerguei o que há muito postava em minha frente. Pude sentir, novamente, o formigamento de cada célulazinha como reação a uma ação. Dessa vez a ponte que nos uniu não foram as mãos, mas os lábios. Sua energia me acendeu e agora eu já não posso pensar em ocultar essa sensação.
Infelizmente, ainda não o tenho ao meu lado. Não sei se o terei algum dia. Fiquei com duas recordações em minha mente, pulsando em se tornar realidade. Voltei a rezar a Deus, a fim do mesmo me conceder essa graça. Tenho certeza que muito dos meus problemas e dependências se dissipariam, afinal eu me concentraria apenas em tê-lo a todo o momento.
Certa vez, enquanto assistia a um filme, do qual o nome eu não me lembro, dizia-se que a gente reconhece o parceiro ideal com o encaixar das mãos. Para mim, essa teoria nunca deu certo. O meu termômetro é acionado com um simples toque. Sempre foi assim. E o toque dele não se iguala a qualquer outro. Posso tentar descrevê-lo para se obter uma efêmera idéia de sua beleza: ao realizar uma viagem, em que o destino está muito além do nosso alcance e o que se vê é apenas paisagens bucólicas e inéditas aos olhos, geralmente ansiamos em colocar alguma parte do nosso corpo para fora da janela, como os braços ou o rosto. A comunicação entre esses dois corpos é extremamente agradável, sendo avassalador, pelo fato da velocidade do transporte gerar um vento feroz em contato com a pele, ao mesmo que tentador, pois a alma pede para ser levada pelo ar e se fundir ao ambiente.
Enfim, apaixonei-me e, rapidamente, entrei em êxtase com as suas mãos. Queria essa sensação naquele momento. Dizem que eu me precipitei. Ah, quem nunca foi tomada pela ansiedade diante de tanto prazer ao seu alcance? Fui e não me arrependo do que fiz. O grande problema é que eu me viciei nele. Desejo por recordar esse momento só mais uma vez, tendo a consciência de que essa será a última para assim guardá-la e aproveitá-la ao máximo. Contudo, querer não é poder e o que eu quero está muito longe de ser alcançado.
Logo, na vã tentativa de esquecê-lo, entrei em processo de reabilitação e me exilei de qualquer pensamento que me fizesse recordá-lo. Até que um dia, em um piscar de olhos rotineiros, eu enxerguei o que há muito postava em minha frente. Pude sentir, novamente, o formigamento de cada célulazinha como reação a uma ação. Dessa vez a ponte que nos uniu não foram as mãos, mas os lábios. Sua energia me acendeu e agora eu já não posso pensar em ocultar essa sensação.
Infelizmente, ainda não o tenho ao meu lado. Não sei se o terei algum dia. Fiquei com duas recordações em minha mente, pulsando em se tornar realidade. Voltei a rezar a Deus, a fim do mesmo me conceder essa graça. Tenho certeza que muito dos meus problemas e dependências se dissipariam, afinal eu me concentraria apenas em tê-lo a todo o momento.
domingo, 15 de agosto de 2010
Drama, drama, drama e uma dose de "endorfinas".
"Tudo o que gosto tem sabor de pecado, é feio, censurado, imoral, fora da Lei, engorda e faz mal pra saúde..."
Minha vida se resume a momentos carregados de exagero. Sou extremamente exagerada em tudo que faço, sinto e vivo. Cada segundo do meu presente representa um drama futuro em uma sala de psicólogo. Quiçá seja produto da intensidade de minhas ações. Quiçá seja resultado da ânsia em viver intensamente. Quiçá seja querer sentir-se viva. Quiçá seja nunca parar de existir. Enfim, meu desabafo de hoje presta uma singela homenagem àqueles que acreditam no meu potencial em exagerar no mesmo erro.
Ora, como qualquer ser humano normal, sou dotada de sentimentos que afloram de acordo com as situações que se deparam no meu caminho. Para falar a verdade, não sei se há um único caminho, pois sinto que mudo de direção a cada decisão que tomo. Ou seja, sigo cega na minha caminhada. Porém, minhas atitudes são como uma pessoa que tenta andar em uma corda bamba, situada a uma altura enorme do chão. Oscilações são constantes e inevitáveis, compondo esse quadro confuso de se admirar. Há de nascer quem tenha paciência para contemplar o meu ser e entendê-lo, a fim de propagar aos ventos as minhas qualidades e diferenças. No entanto, a paciência é um dom raro nos dias de hoje e parece que nem eu mesma a tenho para comigo.
Assim, exagero em tudo para tentar acalmar esse mix de sensações. Durmo, bebo, como, danço, beijo, fumo, penso, leio, faço sexo e amo. Tudo SEMPRE em doses altíssimas para elevar a minha confiança.E como na canção de cazuza: "adoro um amor inventado", a cada segundo invento problemas onde não tem. Digo por que em uma semana um número considerável de pessoas proclamou que eu sou, praticamente, a musa inspiradora para tal música. Concordo plenamente com essas afirmações e por isso não me queixo em levar a vida que tenho. Sigo em busca de analgésicos para aliviar tensões geradas por mim mesma. Se são meios corretos, já não posso afirmar. Contudo, quem se importa em ser legal, quando o combustível que alimenta a sua vida se chama o amor?
Amar não pode ser definido nem pelo Aurélio, quanto mais por palavras mal ditas em conselhos alheios a sentimentos verdadeiros. Opiniões são sempre bem-vidas, já que me permitem saber o grau de normalidade do juízo público, em relação aos meus ideais. Não quero ser "careta". Não pretendo caracterizar a minha realidade como algo "tradicional". Quero é seguir em busca do errado. Quero viver e discordar daquilo que postulei há pouco. Quero buscar o amor em cada situação.
Logo, enquanto não o encontro, permaneço reclamando de tudo, chorando por todos, bebendo para encontrá-lo e aclamando o meu amor por todos. Isto é, exagero de tudo que me faz sentir viva, porque viver é direcionar o olhar para o inexplorado. Para isso, me disponibilizo a enfrentar os diversos problemas, já que estou disposta a me entregar ao prazer de nadar contra a maré. Porém, deixem-me reclamar e utilizar de meios pouco lícitos para acalmar a alma. Afinal, Deus me criou humana e nem Jesus foi poupado da fúria dos homens.
Minha vida se resume a momentos carregados de exagero. Sou extremamente exagerada em tudo que faço, sinto e vivo. Cada segundo do meu presente representa um drama futuro em uma sala de psicólogo. Quiçá seja produto da intensidade de minhas ações. Quiçá seja resultado da ânsia em viver intensamente. Quiçá seja querer sentir-se viva. Quiçá seja nunca parar de existir. Enfim, meu desabafo de hoje presta uma singela homenagem àqueles que acreditam no meu potencial em exagerar no mesmo erro.
Ora, como qualquer ser humano normal, sou dotada de sentimentos que afloram de acordo com as situações que se deparam no meu caminho. Para falar a verdade, não sei se há um único caminho, pois sinto que mudo de direção a cada decisão que tomo. Ou seja, sigo cega na minha caminhada. Porém, minhas atitudes são como uma pessoa que tenta andar em uma corda bamba, situada a uma altura enorme do chão. Oscilações são constantes e inevitáveis, compondo esse quadro confuso de se admirar. Há de nascer quem tenha paciência para contemplar o meu ser e entendê-lo, a fim de propagar aos ventos as minhas qualidades e diferenças. No entanto, a paciência é um dom raro nos dias de hoje e parece que nem eu mesma a tenho para comigo.
Assim, exagero em tudo para tentar acalmar esse mix de sensações. Durmo, bebo, como, danço, beijo, fumo, penso, leio, faço sexo e amo. Tudo SEMPRE em doses altíssimas para elevar a minha confiança.E como na canção de cazuza: "adoro um amor inventado", a cada segundo invento problemas onde não tem. Digo por que em uma semana um número considerável de pessoas proclamou que eu sou, praticamente, a musa inspiradora para tal música. Concordo plenamente com essas afirmações e por isso não me queixo em levar a vida que tenho. Sigo em busca de analgésicos para aliviar tensões geradas por mim mesma. Se são meios corretos, já não posso afirmar. Contudo, quem se importa em ser legal, quando o combustível que alimenta a sua vida se chama o amor?
Amar não pode ser definido nem pelo Aurélio, quanto mais por palavras mal ditas em conselhos alheios a sentimentos verdadeiros. Opiniões são sempre bem-vidas, já que me permitem saber o grau de normalidade do juízo público, em relação aos meus ideais. Não quero ser "careta". Não pretendo caracterizar a minha realidade como algo "tradicional". Quero é seguir em busca do errado. Quero viver e discordar daquilo que postulei há pouco. Quero buscar o amor em cada situação.
Logo, enquanto não o encontro, permaneço reclamando de tudo, chorando por todos, bebendo para encontrá-lo e aclamando o meu amor por todos. Isto é, exagero de tudo que me faz sentir viva, porque viver é direcionar o olhar para o inexplorado. Para isso, me disponibilizo a enfrentar os diversos problemas, já que estou disposta a me entregar ao prazer de nadar contra a maré. Porém, deixem-me reclamar e utilizar de meios pouco lícitos para acalmar a alma. Afinal, Deus me criou humana e nem Jesus foi poupado da fúria dos homens.
segunda-feira, 26 de julho de 2010
De chocolate para você
Ingredientes:
-Três ou mais canecas de cerveja
-Uma pitada do proibido
-Uma colher de sopa de excitação
-Loucura a gosto
Misture tudo e acrescente uma boa música, como “Puro êxtase”. Não precisa levar ao forno, essa iguaria é para ser apreciada gelada. O calor é uma das conseqüências de sua ingestão.
Tão saboroso quanto o real, o CHOCOLATE que criamos naquele dia adquiriu um sabor que, até então, o meu paladar não havia provado.
-Três ou mais canecas de cerveja
-Uma pitada do proibido
-Uma colher de sopa de excitação
-Loucura a gosto
Misture tudo e acrescente uma boa música, como “Puro êxtase”. Não precisa levar ao forno, essa iguaria é para ser apreciada gelada. O calor é uma das conseqüências de sua ingestão.
Tão saboroso quanto o real, o CHOCOLATE que criamos naquele dia adquiriu um sabor que, até então, o meu paladar não havia provado.
sexta-feira, 23 de julho de 2010
Helena de Esparta
Mergulhei a fundo no livro "Helena de Tróia" e cheguei a seguinte conclusão: Afrodite não me abençoou com os seus dons. Para aqueles que não a conhecem, trata-se da deusa do amor, dos prazeres e da beleza. Ela é invocada por todos os casais que desejam se amar ardentemente. Por favor, não a confundam com uma deusa devassa ou promiscua. Seus encantos ultrapassam a racionalidade para atingirem, exatamente, o âmbito do sentimento puro em sua essência.
Enfim, essa associação se deu em razão de Helena, antes de conhecer Páris, ter tudo que qualquer moça deseja- beleza, família, status social, filha e, principalmente, uma marido que a amava. Porém, mesmo em sua intimidade, ela não se sentia plena com o seu parceiro. Invocava à Afrodite que a glorificasse para, assim, tornar-se inteiramente feliz. Afinal, de que serve a união de dois corpos se não para ambos se amarem por igual? Esse é o real objetivo da fusão dos enamorados: granjear o prazer mútuo, como uma única unidade em sua totalidade.
É claro que eu não tenho a beleza de Helena, capaz de destruir exércitos e cidades, contudo sou capaz de conquistar alguns territórios e tomá-los em meu domínio. Mas, qual a utilidade de dar-se por inteira quando, em troca, se tem apenas uma terra nada fértil? Ora, não lhe rende frutos, então para que continuar a investir nela? Assim, parto para outros campos ainda não explorados na esperança de conseguir algum lucro. No fim, acabo como um andarilho sem rumo e completamente desesperado!
Tenho total consciência de que não sou a única "Helena de Esparta" do séc. XXI, até porque já foi provado que a maioria das mulheres sofre desse mesmo mal. Porém, insisto em invocar a deusa do deleite, do gozo, um simples e efêmero momento de sua potência, para que eu continue a crer em seus poderes e na sua existência. Acreditar na razão da união de duas pessoas. Acreditar no amor.
Enquanto ela não chega a meus cômodos, me quedo a sonhar com Páris e as suas consequências: cavalos de tróia, mortes, paixões avassaladoras e escolhas imprudentes cegadas pelo véu do contentamento. Permaneço apenas como "Helena de Esparta"
Enfim, essa associação se deu em razão de Helena, antes de conhecer Páris, ter tudo que qualquer moça deseja- beleza, família, status social, filha e, principalmente, uma marido que a amava. Porém, mesmo em sua intimidade, ela não se sentia plena com o seu parceiro. Invocava à Afrodite que a glorificasse para, assim, tornar-se inteiramente feliz. Afinal, de que serve a união de dois corpos se não para ambos se amarem por igual? Esse é o real objetivo da fusão dos enamorados: granjear o prazer mútuo, como uma única unidade em sua totalidade.
É claro que eu não tenho a beleza de Helena, capaz de destruir exércitos e cidades, contudo sou capaz de conquistar alguns territórios e tomá-los em meu domínio. Mas, qual a utilidade de dar-se por inteira quando, em troca, se tem apenas uma terra nada fértil? Ora, não lhe rende frutos, então para que continuar a investir nela? Assim, parto para outros campos ainda não explorados na esperança de conseguir algum lucro. No fim, acabo como um andarilho sem rumo e completamente desesperado!
Tenho total consciência de que não sou a única "Helena de Esparta" do séc. XXI, até porque já foi provado que a maioria das mulheres sofre desse mesmo mal. Porém, insisto em invocar a deusa do deleite, do gozo, um simples e efêmero momento de sua potência, para que eu continue a crer em seus poderes e na sua existência. Acreditar na razão da união de duas pessoas. Acreditar no amor.
Enquanto ela não chega a meus cômodos, me quedo a sonhar com Páris e as suas consequências: cavalos de tróia, mortes, paixões avassaladoras e escolhas imprudentes cegadas pelo véu do contentamento. Permaneço apenas como "Helena de Esparta"
quinta-feira, 22 de julho de 2010
Rivotril
Ela era importante. Era amiga. Era os pilares do meu ser. Era aquela que eu contava tudo. Nos momentos mais inéditos e importantes ela se encontrava sempre ao meu lado. Até quando eu operei a bosta de vesícula ela foi a única a me visitar. Estava sempre comigo desde que eu me entendo como gente. Nossa amizade superava os laços de sangue. Já estávamos inseridas uma na família da outra.
Por que o nosso castelo acabou? Será que ele sempre foi de areia e só a gente que não percebeu? Bastou uma simples onda para desmanchar a nossa fantasia. Uma vez destruído não há como voltar a ser como antes...nada é igual. Foi-se a onda, a areia do castelo e restou somente aquela criança sozinha na praia com os seus brinquedos. Desamparada, minha realidade caiu como as folhas no outono, inevitável. Ainda sinto a vontade de penetrar no mar, que levou tudo o que eu tinha, e nunca mais voltar a terras firmes. O choque foi tão profundo que hoje eu não durmo mais. Não durmo porque os sonhos já não são como os de antigamente. São sonhos escuros, que me fazem recordar o momento da onda abalando o nosso castelo.
Para você, querida, os sonhos devem ser maravilhosos, pois em sua presença está o mar. Contudo, para mim restou apenas os brinquedos, que nada exprimem. São muitos, porém não transmitem nenhum sentimento. São duros e apresentam sempre a mesma expressão: a de felicidade momentânea. Nenhum me cede segurança de algo concreto.
Pois é, você é a culpada por roubar da minha alma a ilusão de eternidade. Cai nas garras do real sórdido para nunca mais acordar, afinal dormir já não faz parte do meu cotidiano.
Não satisfeita com a minha sorte, você me deixou um belo presente, o rivotril. Agradeço pelo regalo, porque sem ele com certeza não estaria aqui jorrando essa confusão de confissões. Ele me controlou. Melhor, tornou-se o meu vicio; meu melhor amigo. É com ele que eu compartilho o meu ódio, minha raiva, meus desejos, minhas fantasias, meus brinquedos... Isto é, tudo que você abandonou na praia comigo. Não o troco por nada nesse mundo, nem mesmo por você ou pela onda. Há muitas outras. Vivo com essas outras, só não demonstro satisfação de estar com elas. Por quê? Simples, não acredito mais em fidelidade. Acredito apenas no poder do rivotril.
Por que o nosso castelo acabou? Será que ele sempre foi de areia e só a gente que não percebeu? Bastou uma simples onda para desmanchar a nossa fantasia. Uma vez destruído não há como voltar a ser como antes...nada é igual. Foi-se a onda, a areia do castelo e restou somente aquela criança sozinha na praia com os seus brinquedos. Desamparada, minha realidade caiu como as folhas no outono, inevitável. Ainda sinto a vontade de penetrar no mar, que levou tudo o que eu tinha, e nunca mais voltar a terras firmes. O choque foi tão profundo que hoje eu não durmo mais. Não durmo porque os sonhos já não são como os de antigamente. São sonhos escuros, que me fazem recordar o momento da onda abalando o nosso castelo.
Para você, querida, os sonhos devem ser maravilhosos, pois em sua presença está o mar. Contudo, para mim restou apenas os brinquedos, que nada exprimem. São muitos, porém não transmitem nenhum sentimento. São duros e apresentam sempre a mesma expressão: a de felicidade momentânea. Nenhum me cede segurança de algo concreto.
Pois é, você é a culpada por roubar da minha alma a ilusão de eternidade. Cai nas garras do real sórdido para nunca mais acordar, afinal dormir já não faz parte do meu cotidiano.
Não satisfeita com a minha sorte, você me deixou um belo presente, o rivotril. Agradeço pelo regalo, porque sem ele com certeza não estaria aqui jorrando essa confusão de confissões. Ele me controlou. Melhor, tornou-se o meu vicio; meu melhor amigo. É com ele que eu compartilho o meu ódio, minha raiva, meus desejos, minhas fantasias, meus brinquedos... Isto é, tudo que você abandonou na praia comigo. Não o troco por nada nesse mundo, nem mesmo por você ou pela onda. Há muitas outras. Vivo com essas outras, só não demonstro satisfação de estar com elas. Por quê? Simples, não acredito mais em fidelidade. Acredito apenas no poder do rivotril.
quarta-feira, 21 de julho de 2010
E cai o pano
Tentei.
Tentei até mais do que podia...
Tentei mais pelos outros do que por mim mesma...
Tentei transcender daquilo que já estava postulado...
Tentei, tentei, tentei e não consegui. Por favor, não digam que eu não me esforcei, porque cada célula que me compõem trabalhou assiduamente nessa missão. Falhei como qualquer ser humano falha. Porém, não desejo tentar mais. Não busco visualizar além do horizonte. Estou farta de ansiar por aquilo que não se pode atingir. Digo até que o desejado aproxima-se mais de um sonho do que de uma missão, pois se assemelha a fantasias, imaginações, caprichos... Enfim, tudo aquilo que não existe. Oras, você certamente dirá que tudo isso jaz bem dentro de mim, no meu cotidiano. Direi que seus olhos te cegam e impedem de enxergar a minha alma. Só entenderá quem se fundir a mim. Assim, sentirá o que eu sinto. Viverá o que eu vivo. A impotência conviverá lado a lado com as suas vontades. Sentirá uma tolice impregnada em sua pele como manchas há muito presas em um tecido levemente guardado. Entenderá o motivo pelo qual não largo os meus remédios, meus vícios, minha vida...Fará um altar para me idolatrar, pois já não me verá como um ser distante, contudo me farei de espelho. Refletirei a imagem de um ser cansado de entender o cenário em que se esquadra. Cansado de viver sozinho em meio a tantas pessoas. Cansado de passar em mão e mão e não sentir o toque. Cansado de ter em seus braços prazeres falsos. Cansado de acreditar que sua vida é justa e real. Cansada de seu conto de fadas...
Tentei até mais do que podia...
Tentei mais pelos outros do que por mim mesma...
Tentei transcender daquilo que já estava postulado...
Tentei, tentei, tentei e não consegui. Por favor, não digam que eu não me esforcei, porque cada célula que me compõem trabalhou assiduamente nessa missão. Falhei como qualquer ser humano falha. Porém, não desejo tentar mais. Não busco visualizar além do horizonte. Estou farta de ansiar por aquilo que não se pode atingir. Digo até que o desejado aproxima-se mais de um sonho do que de uma missão, pois se assemelha a fantasias, imaginações, caprichos... Enfim, tudo aquilo que não existe. Oras, você certamente dirá que tudo isso jaz bem dentro de mim, no meu cotidiano. Direi que seus olhos te cegam e impedem de enxergar a minha alma. Só entenderá quem se fundir a mim. Assim, sentirá o que eu sinto. Viverá o que eu vivo. A impotência conviverá lado a lado com as suas vontades. Sentirá uma tolice impregnada em sua pele como manchas há muito presas em um tecido levemente guardado. Entenderá o motivo pelo qual não largo os meus remédios, meus vícios, minha vida...Fará um altar para me idolatrar, pois já não me verá como um ser distante, contudo me farei de espelho. Refletirei a imagem de um ser cansado de entender o cenário em que se esquadra. Cansado de viver sozinho em meio a tantas pessoas. Cansado de passar em mão e mão e não sentir o toque. Cansado de ter em seus braços prazeres falsos. Cansado de acreditar que sua vida é justa e real. Cansada de seu conto de fadas...
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