sexta-feira, 23 de julho de 2010

Helena de Esparta

Mergulhei a fundo no livro "Helena de Tróia" e cheguei a seguinte conclusão: Afrodite não me abençoou com os seus dons. Para aqueles que não a conhecem, trata-se da deusa do amor, dos prazeres e da beleza. Ela é invocada por todos os casais que desejam se amar ardentemente. Por favor, não a confundam com uma deusa devassa ou promiscua. Seus encantos ultrapassam a racionalidade para atingirem, exatamente, o âmbito do sentimento puro em sua essência.
Enfim, essa associação se deu em razão de Helena, antes de conhecer Páris, ter tudo que qualquer moça deseja- beleza, família, status social, filha e, principalmente, uma marido que a amava. Porém, mesmo em sua intimidade, ela não se sentia plena com o seu parceiro. Invocava à Afrodite que a glorificasse para, assim, tornar-se inteiramente feliz. Afinal, de que serve a união de dois corpos se não para ambos se amarem por igual? Esse é o real objetivo da fusão dos enamorados: granjear o prazer mútuo, como uma única unidade em sua totalidade.
É claro que eu não tenho a beleza de Helena, capaz de destruir exércitos e cidades, contudo sou capaz de conquistar alguns territórios e tomá-los em meu domínio. Mas, qual a utilidade de dar-se por inteira quando, em troca, se tem apenas uma terra nada fértil? Ora, não lhe rende frutos, então para que continuar a investir nela? Assim, parto para outros campos ainda não explorados na esperança de conseguir algum lucro. No fim, acabo como um andarilho sem rumo e completamente desesperado!
Tenho total consciência de que não sou a única "Helena de Esparta" do séc. XXI, até porque já foi provado que a maioria das mulheres sofre desse mesmo mal. Porém, insisto em invocar a deusa do deleite, do gozo, um simples e efêmero momento de sua potência, para que eu continue a crer em seus poderes e na sua existência. Acreditar na razão da união de duas pessoas. Acreditar no amor.
Enquanto ela não chega a meus cômodos, me quedo a sonhar com Páris e as suas consequências: cavalos de tróia, mortes, paixões avassaladoras e escolhas imprudentes cegadas pelo véu do contentamento. Permaneço apenas como "Helena de Esparta"