"Um belo dia resolvi mudar e fazer tudo que eu queria fazer".
Rita sempre foi uma inspiração para as minhas transformações. Cito-a com intimidade porque já me acostumei a tê-la sempre em minhas idéias e ouvidos. Sempre que desejo sair das corriqueiras lamentações ela me aparece na rádio, com as suas belas músicas, tornando-se uma luz no fim do túnel. Porém, por que Rita? Por que não Nanna Caymmi ou Maysa? Creio estar cansada de tantas "batidas na porta da frente é o tempo", afinal os anos se passam, a idade chega, a bunda cai e ninguém de diferente na porta. Lembro-me de pedir desde pequena, coisa de a partir dos 11 anos, um garoto que gostasse de mim. Não precisava ser lindo, forte ou popular na escola; não queria abusar da boa vontade de Deus, mas somente alguém que demonstrasse alguma paixão ou mera cartinha de amor. Com certeza, atirei pedra na cruz, pois até hoje as minhas preces não foram atendidas.
E Maysa? Essa merece respeito. Há muito idealizei por ser igual a ela. Não é qualquer mulher que consegue expor seus sentimentos como se fossem a coisa mais natural. A coragem de dizer que sofre de amor é impressionante. Tal devoção se demonstra no tom melódico de suas músicas. Penso que ela foi a responsável pela trilha sonora de metade da minha vida e pelas tantas lágrimas derramadas no travesseiro. Contudo, a alma se cansa de tanta dor (Como arroz e feijão, que são comidas maravilhosas, mas se tornam enjoativas se consumidas diariamente). Logo, o meu fígado e a minha razão imploraram por menos "demais", já que eram "demais" amores, "demais" brigas, "demais" bebidas, "demais" vômitos, "demais" especulações, "demais" fofocas... Enfim, exagero de "todos acham que eu falo demais e que ando bebendo demais e que essa vida agitada não leva a nada. Andar por ai... bar em bar, bar em bar."
Sendo assim, Rita Lee. Inusitada, louca, extravagante, linda, poética e sincera. Tudo de que eu gosto em uma só fôrma. Porque eu vivo e penso em sexo antes para depois amor. Porque eu sou a ovelha negra da família, para a desgraça dos meus pais e felicidade dos psiquiatras. Porque, assim como ela, de longe eu pareço formosa, mas de perto... xiiii! Meu Deus do céu, como sou venenosa. Porque vivo a lançar o meu doce perfume, implorando para que me deixem de quatro no ato. Porque eu sou mais macho que muito homem. E, acima de tudo, uma mutante: morro de amores a cada semana.
Então, finalizo com a irreverência dessa magnífica cantora: àqueles que não concordam, por favor, não provoquem, pois é cor de rosa choque. Já os que gostaram... "baila comigo lá no meu esconderijo".
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
sábado, 2 de outubro de 2010
Lanterna dos afogados
Delicadamente, ela entra pela janela e se deita em minha cama. Como de costume, olho para o relógio e confirmo a pontualidade de minha ilustre visita. Ela nunca se atrasa e raramente esquece de trazer consigo os seus meros presentes.Em retribuição a sua generosidade, escrevo pequenos textos. A liberdade de escrever nunca me foi retirada, mas a inspiração brota apenas quando estou unida a ela. Ah, querida e fiel amiga que nunca me abandonou, inclusive neste momento, dedico essa prosa à responsável pelo meu desabrochar de pensamentos: à noite.
Minha ansiedade não a engana, infelizmente, pois por mais que eu deseje apenas abraçá-la em meu travesseiro e pedir bons sonhos, ela insiste em trazer à memória os fantasmas que me atormentam. Tenho consciência de que não sou a única com insônia no mundo, contudo contornei a sua magia e transformei-a a meu favor. Posso não entreter a quem se dispõem a ler. Posso não agradar a todos. Porém, esvazio um pouco do que me afoga.
Depois do crepúsculo, sinto um tanque se encher dentro de mim. O alarme foi acionado. Sem hesitar, a lua banha a cama e traz consigo a necessidade de chorar. Penso que a cada lágrima derramada é menos uma recordação a me sufocar. Contudo, nada escorre de minha alma. Ora, será que sequei? E o coração, sobrecarregado de tanto bater por quem almeja apenas dormir, extravasa. Transbordei-me inversamente.
A fim de saciar a necessidade de lacrimejar, exploro as oportunidades que a mesma me oferece. Sim, ela não proporciona somente horrores. Bifurcada, suas alternativas são como as raízes de uma árvore, que atingem comoventes dimensões. Porém, como filhos de Deus e agraciados pelo livre arbítrio, a tendência do homem é a escolha pelo caminho errado. Para mim, o certo ou o incorreto não existem. Existe o prazer. Sou movida por tudo que me faz bem, mesmo que momentaneamente, pois não se deve desprezar nenhum tipo de amor e muito menos de gozo.Enfim, jogo-me no que a noite tem a me dar. Esses são os melhores fins de dia, já que a mente é iludida pelas luzes, drinks e amores. Assim, não há depressão que se rende!
Logo, quando não há escolha, a noite me possui. Como hoje, sem alternativas para brincar de mágica, o limite do desespero se parece como uma cidade já visitada. O bolo de angústias persiste em não ser expelido. Na tentativa de gritar, abro a boca, mas nada dela sai. A cada piscar de olhos eu rezo ao tempo. Peço que o tormento logo acabe e que o sol invada o cômodo. Cansei de brincar de "Bridget Jones". Quero chorar!
Busco o motivo pelo qual não consigo realizar tal ação. Relembro as noites (insistente essa minha companhia...) que me entreguei por inteira. As memórias não são boas, porque comecei e nunca mais parei de lamentar. Creio estar em inércia. Tal qual busco a solução à frieza, determino o estado de ignorância ao meu ser. Afinal, não só a noite me acompanha, como também o medo. Medo de fofocar o que, aparentemente, se encontra adormecido.
Sendo assim, o que me resta? Sinceramente, a miopia não permite desvendar longínquas terras. Pobre de lágrimas e de espírito, contento-me com o caminho errado, o cigarro, a cerveja, as orações e o pôster de meu amado selado a cada choro não derramado, sufocando-me.
Minha ansiedade não a engana, infelizmente, pois por mais que eu deseje apenas abraçá-la em meu travesseiro e pedir bons sonhos, ela insiste em trazer à memória os fantasmas que me atormentam. Tenho consciência de que não sou a única com insônia no mundo, contudo contornei a sua magia e transformei-a a meu favor. Posso não entreter a quem se dispõem a ler. Posso não agradar a todos. Porém, esvazio um pouco do que me afoga.
Depois do crepúsculo, sinto um tanque se encher dentro de mim. O alarme foi acionado. Sem hesitar, a lua banha a cama e traz consigo a necessidade de chorar. Penso que a cada lágrima derramada é menos uma recordação a me sufocar. Contudo, nada escorre de minha alma. Ora, será que sequei? E o coração, sobrecarregado de tanto bater por quem almeja apenas dormir, extravasa. Transbordei-me inversamente.
A fim de saciar a necessidade de lacrimejar, exploro as oportunidades que a mesma me oferece. Sim, ela não proporciona somente horrores. Bifurcada, suas alternativas são como as raízes de uma árvore, que atingem comoventes dimensões. Porém, como filhos de Deus e agraciados pelo livre arbítrio, a tendência do homem é a escolha pelo caminho errado. Para mim, o certo ou o incorreto não existem. Existe o prazer. Sou movida por tudo que me faz bem, mesmo que momentaneamente, pois não se deve desprezar nenhum tipo de amor e muito menos de gozo.Enfim, jogo-me no que a noite tem a me dar. Esses são os melhores fins de dia, já que a mente é iludida pelas luzes, drinks e amores. Assim, não há depressão que se rende!
Logo, quando não há escolha, a noite me possui. Como hoje, sem alternativas para brincar de mágica, o limite do desespero se parece como uma cidade já visitada. O bolo de angústias persiste em não ser expelido. Na tentativa de gritar, abro a boca, mas nada dela sai. A cada piscar de olhos eu rezo ao tempo. Peço que o tormento logo acabe e que o sol invada o cômodo. Cansei de brincar de "Bridget Jones". Quero chorar!
Busco o motivo pelo qual não consigo realizar tal ação. Relembro as noites (insistente essa minha companhia...) que me entreguei por inteira. As memórias não são boas, porque comecei e nunca mais parei de lamentar. Creio estar em inércia. Tal qual busco a solução à frieza, determino o estado de ignorância ao meu ser. Afinal, não só a noite me acompanha, como também o medo. Medo de fofocar o que, aparentemente, se encontra adormecido.
Sendo assim, o que me resta? Sinceramente, a miopia não permite desvendar longínquas terras. Pobre de lágrimas e de espírito, contento-me com o caminho errado, o cigarro, a cerveja, as orações e o pôster de meu amado selado a cada choro não derramado, sufocando-me.
Assinar:
Postagens (Atom)