domingo, 7 de novembro de 2010
Conto de fadas rotineiro
Após uma péssima noite de sono, ela acorda desejando a sua cama. Fica por mais trinta minutos deitada, típico fenômeno que a física justifica: a inércia. Ao se levantar, olha pela janela e vê um belo dia de primavera, com a mata a sua frente, o céu azul pintado com poucas nuvens brancas e um sol ardente, que parece não ter limites para irradiar. Agradece a Deus por estar viva, porém seu instinto egoísta aflora e pede ao mesmo que este seja "o" dia de sua vida. Em vão, escolhe a roupa mais colorida do guarda-roupa, pois acredita que as cores berrantes e impróprias conseguirão despertar não só em si, como naqueles que vagam pelas ruas, um sentimento de conto de fadas. Talvez amor, talvez aventura, talvez amizade. Enfim, sai de casa trajando esperança e ansiedade. Contudo, seus olhos cegaram; acostumaram-se a uma única cena. Por mais cor que invista, o mundo teima em girar em um único sentido. Sua alma grita um "caralho" que a sufoca por dentro, quebrando artérias e órgãos. Porém, a estrutura é forte, infelizmente, e a mantém erguida para pegar o mesmo ônibus de sempre. Já sentada no lado da janela, olha a paisagem em busca de detalhes que poderiam passar despercebidos. Não enxerga nada, além de um vento forte que resseca os seus olhos. Sem nada para fazer, fecha os olhos para ver a vida passar em uma lenta e preguiçosa necessidade de sonhar. Espera acordar e, enfim, ter o seu conto de fadas no próximo ponto aguardando-a.
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